Barulho e mais barulho

Barulho e mais barulho

October 11, 2025

Estou começando a escrever isso às 18:00 da tarde de um sábado, véspera do Dia das Crianças, e já fazem cerca de 4 horas ininterruptas que há um espécime com som alto fazendo barulho próximo à minha residência.

Quem me conhece sabe o quanto eu fico furioso com isso.

Esse cenário não é incomum. Tenho certeza de que nós, brasileiros, já nos deparamos com isso pelo menos uma vez na vida. Obviamente, é uma situação que muitos consideram “fácil” de lidar, porém essa é uma oportunidade perfeita pra eu trazer meu relato pessoal sobre como meu “ódio” por barulho começou, bem como sobre o que está acontecendo hoje.

“Estou na minha casa”

Algo que a gente sempre se pergunta, pelo menos aqui em casa, é o seguinte: “será que essa pessoa não se toca que não tem mais ninguém fazendo barulho?”

Sim, eu sei que podemos relevar muitas coisas, mas chego ao ponto do raciocínio de que tudo tem um limite.

Obviamente, muitos argumentam que, se estão em suas casas, então ninguém pode palpitar, opinar ou mesmo reclamar. Eu entendo isso perfeitamente. Porém, como fica a questão do limite?

Além disso, o ponto que defendo e defenderei até o fim é o seguinte:

Se você está na sua casa, mas a sua ação está “vazando pra fora da sua casa”, então você já deve satisfações aos outros SIM.

Pega de novo esse argumento de “estou na minha casa”. Se você está fazendo barulho dentro da sua casa, mas as ondas sonoras desse barulho estão vibrando dentro da minha casa, significa que sua ação está me afetando diretamente. Logo, tenho total direito de me posicionar contra, bem como solicitar que pare.

Isso me parece lógico. Fora o fato de que não é uma refutação que fere o direito de ninguém, apenas defende o meu bem-estar, visto uma constatação física.

O meu histórico

Eu odeio barulho com toda a minha força. E isso não é implicância ou eu sendo “rabugento”; afinal, já sofri muito com isso, principalmente em períodos críticos da minha vida.

Desde criança, eu fui “agraciado” com a “sorte” de morar ao lado de espécimes que rejeitam a educação. Lembro que meu primeiro contato com barulho excessivo foi quando eu tinha por volta de 7 a 8 anos de idade. Uma vizinha maldita ouvia as tais “músicas de seresta” infinitamente durante a manhã.

Era sertanejo, pagode, samba. Desde essa época, passei a encarar esse tipo de música como o som do inferno. E sim, o “meu inferno” é um local/momento em que não há paz, principalmente por meio do barulho. E se a paz está sendo removida através de sertanejo, forró, brega, funk, pagode ou samba, então sim, estou certo em afirmar que essas coisas são um inferno pra mim.

Claro que reconheço a qualidade musical em músicas desses estilos (quando existe), mas meu ponto é: nunca fui e não sou apreciador desse tipo de “música”, afinal, sempre fui forçado a consumi-las, além de que todas me remetem a sensações e momentos de total desprazer. Não estou errado em afirmar isso.

Seguindo um pouco mais adiante na minha vida, morei em outra casa na qual, por uns 6 anos, fui submetido a ouvir, forçadamente, assim como no primeiro caso, músicas e hinos evangélicos/protestantes.

Sério, é complicado eu falar isso, mas esse tipo de “música” também representa a minha total perda de paz, e digo isso me baseando nos mesmos motivos e argumentações que já apresentei.

Sim, saí de uma situação terrível, onde eu era criança, pra ir pra outra. Mas alguém pode pensar: “ah, mas isso não é motivo pra ficar destilando ódio por aí”. Eu entendo, você está em seu direito de pensar isso, se for o caso. Porém, como eu demonstrei, também estou no meu direito de me revoltar. Sem falar que ainda nem sequer toquei no tópico da “educação”.

Pra mim, que cresci com essa impressão negativa desse tipo de coisa, só havia algumas possibilidades: ou eu iria reforçar minha opinião negativa sobre esse tipo de coisa ou iria “me juntar ao inimigo”. Certamente vocês devem imaginar o rumo que tomei.

Sabendo disso, passei muito tempo suportando barulho irritante (quando falo barulho me refiro a sertanejo, forró, pagode, samba, funk, brega, etc). Logo depois, veio o período em que comecei a cursar faculdade. E adivinhem só?! Isso mesmo! Morei ao lado de vizinhos malditos que faziam barulho.

Talvez, nesse ponto, vocês estejam pensando se eu estou exagerando ou sendo muito dramático, mas entendam que, quando eu falo “vizinhos fazendo barulho”, quero dizer pessoas que iniciam o barulho, por exemplo, às 17:00 de um dia e desligam só às 6:00 do dia seguinte… Por aí vai.

Agora imaginem: eu, em plena faculdade de farmácia, tentando assimilar conceitos de química, biologia, dinâmica de fármacos, matemática, estatística etc., enquanto o vizinho se acha no direito de passar mais de 30 horas ininterruptas com som alto fazendo barulho de “pisadinha”?!

É… Esses estilos aí são um lixo pra mim. E foi quando estava na etapa de conclusão da faculdade que perdi o controle do meu ódio.

Eu precisava fazer meu Trabalho de Conclusão de Curso sobre um tema supertécnico. Precisava entender, buscar referências, redigir. Precisava dominar aquilo completamente. Precisava ter domínio de algo que exigia altas capacidades cognitivas e intelectuais. Precisava treinar uma apresentação digna. Mas o vizinho estava lá… Com a “música” de vaquejada no volume máximo.

Eu não minto. Chorei muito de raiva. De desgosto. De revolta. De impotência.

Mas por que impotência? Não era só ir lá mandar abaixar? Ligar pra polícia? Fazer um barraco caso nada desse certo?

É… Talvez. Porém nada disso funcionou. E mesmo que eu tivesse insistido em continuar com essas estratégias, com certeza eu iria me desgastar mais ainda. Afinal, existem muitas coisas ruins nesta vida, mas poucas são piores que um vizinho maligno.

Outras soluções, como “mudar de endereço”, não estavam acessíveis. Acredite, meu sonho era sair dali. Na maior parte do tempo, eu fazia questão de ficar na faculdade por muito mais tempo do que precisava. Lá na biblioteca não tinha barulho, pelo menos. O bom é que, nisso, eu ia lendo livros e aprendendo muita coisa. No final, teve esse ponto positivo.

De qualquer maneira, prezei pela minha integridade física, pelo menos, afinal a integridade psicológica e emocional já tinha derretido.

Nesse meio tempo, fiquei doente de toxoplasmose. Foi horrível, mas, no fim, consegui concluir meu curso de graduação. Foi sofrido. E depois eu desejei, desejei muito, morar em um lugar onde não houvesse um “inferno”.

Mudei de cidade e, adivinhem… Sim, o local onde pude morar era um inferno.

E esse era bem pior. Lembro que o vizinho maldito fazia, basicamente, “raves”. Traziam carros com os porta-malas cheios de alto-falantes e colocavam em cima da calçada, onde a janela era exatamente a do meu quarto. Na época, usando um app simples de celular, os decibéis chegavam facilmente a 150.

Na primeira oportunidade, mudamos dali. Foi um alívio, pois, na casa nova, FINALMENTE, não encontrei um inferno, mas sim um Paraíso.

O hoje

Eu comecei o texto falando pra vocês que estava tendo barulho aqui, certo? Então… Infelizmente, a paz foi rompida aqui.

Pra contextualizar vocês: aqui, no último endereço onde morei, nunca houve barulho. O máximo que tinha eram os sons de igrejas próximas. Nesse caso, eu definitivamente não me importava, afinal eram barulhos com tempo pré-determinado, dias fixos. Seria extremo demais da minha parte me exaltar com isso.

Nos demais dias, tudo silencioso. Só os ruídos do trânsito, mas que logo acabavam.

Porém, acredito que já tem uns 2 ou 3 meses que alguns bostileiros imundos se mudaram pra um tal de “condomínio fechado” que tem logo aqui na esquina.

Esse condomínio é mais ou menos daqueles cheios de “mimimi”. Aluguel caro pra caramba. Só por ter dois andares e uma pintura “atualizada”. Só pode ser.

E eu digo isso justamente pelo fato de que NUNCA houve ruídos e barulhos vindos de lá. Então eu até imaginava: “poxa, lá deve ter regra e organização, talvez até valha o preço alto que pedem”. Bleehhhhhh, ilusão.

Onde estão os donos e/ou responsáveis por essa porcaria pra dar um limite e um fim pra essa maldição de bostileiros fazendo barulho? Os donos são coniventes? Só pode…

E assim estou eu aqui. Novamente me deparando com uma das coisas que mais me destroem nesta vida. Obviamente, existem coisas piores, mas, como puderam ver pelo meu relato, isso é algo que me afeta negativamente.

Comecei a escrever às 18:00, agora são 18:48. Ou seja, já vai fazer mais 1 HORA de barulho em volume ensurdecedor.

E vejam: hoje está assim, vai fazer 5 horas de barulho, em pleno sábado. Porém isso aconteceu semana passada, semana retrasada… E na anterior também. Etc.

Isso é uma IMUNDÍCIE. O humano que está fazendo isso, me perdoem a sinceridade, mas é alguém que está desperdiçando oxigênio.

Preciso deixar minha frustração registrada aqui. Afinal, isso não tem explicação pra mim.

Uma coisa é alguém ouvir uma música pra relaxar. Ouvir uma música pra comemorar um aniversário ou em uma ocasião esporádica.

Mas… Isso?

Infelizmente, meu lado humano fala mais alto aqui. Meu ódio por essa pessoa existe sem eu sequer conhecê-la. Mas… Tendo uma demonstração dessas, como poderia eu concluir outra coisa?

Isso é detestável pra mim. Se ele estivesse com um fone de ouvido estourando os ouvidos como está agora, estaria estourando apenas os ouvidos dele!

Lamento muito por afirmar essas coisas aqui, mas vou me abster de dizer mais, afinal não vai melhorar nada da minha situação atual.

Eu vou aguardar. Se hoje, às 21:00, estiver do mesmo jeito (normalmente ele só desliga 1:30 da madrugada), vou ligar para a polícia com todo o meu gosto.

Como eu argumentei no início: se você faz algo na sua casa, na intimidade do seu lar, eu não tenho direito algum de me meter. Porém, a partir do momento em que algo que você faz me afeta — sobretudo fisicamente falando (ondas sonoras potentes encostam no meu tímpano) — eu tenho o direito de zelar pelo meu bem-estar.

Futuramente, vou escrever um post sobre temas como educação e relacionar isso com pessoas que cresceram e vivem em lugares insalubres. Por enquanto, vida que tenta seguir.