Desabafo: Metade do Poço

Desabafo: Metade do Poço

August 4, 2025

Estou me preparando para escrever uma postagem muito profunda e pessoal nos próximos dias. Até porque será Dia dos Pais, e este ano vai ser absolutamente insano para mim, psicologicamente falando.

De qualquer maneira, a partir de hoje (04/08/2025), já me sinto absurdamente mexido por tanta coisa que tem acontecido. Não quero transformar este post em um “diário” aberto, mas quero aproveitar para registrar um pouco do meu estado psicológico e emocional neste momento.

Normalmente, leio e releio minhas publicações, assisto e reassisto meus vídeos no meu Canal do YouTube, ouço e reouço as músicas que gravo. Acho interessante esse exercício, pois geralmente me permite fazer uma autocrítica, enxergar pontos positivos e negativos do que produzo etc. Com este post não vai ser diferente. Certamente, daqui a alguns dias, meses ou anos, vou relê-lo, o que vai despertar muitas memórias. Talvez, nesse futuro, eu já esteja em um estado psíquico mais agradável, ou talvez pior. Não tenho como saber.

Mesmo assim, quero poder lembrar do momento em que considero estar “na metade do poço”. É, não está exatamente tudo bem comigo. Porém, sigo com um dilema terrível: admitir que estou bem ao mesmo tempo que não me sinto bem. Talvez não seja um paradoxo, mas sim uma antítese. Como posso me sentir assim?

É complicado, porque tento racionalizar que minha vida é claramente melhor do que a de milhões de outras pessoas no mundo, mas automaticamente olho para mim mesmo e percebo que continuo me sentindo mal. Isso me faz sentir até um pouco de raiva, porque acabo pensando: “Caramba, deve ter algum ricaço por aí, com um milhão livre na conta, se sentindo mal por alguma coisa que eu considero trivial.” Essa vergonha potencializa meu sentimento negativo, e o ciclo continua.

Hoje descobri algo sobre minha vida pessoal que me deixou definitivamente para baixo. Não tenho como falar disso aqui publicamente, mas a ideia do que observei, infelizmente, me impulsionou a escrever este desabafo virtual. Sinto-me péssimo, porque isso se conecta com a data comemorativa que está por vir, que para mim se tornou absolutamente importante.

Talvez o maior motivo pelo qual esteja escrevendo aqui hoje não seja falar da minha incapacidade de lidar com meus problemas pessoais sozinho, mas sim do fator que, acredito, está favorecendo e potencializando esse meu estado. E não tenho como ser mais direto: estou fisicamente afastado de Cristo há meses.

Sei que algumas pessoas podem ler isso e simplesmente não ligar para o ato de alguém ter fé. Tudo bem. Não vou tentar convencer ninguém a pensar diferente. Minha intenção é apenas trazer minha perspectiva. Quando digo “fisicamente afastado”, quero dizer que há alguns meses não tenho ido à igreja. Isso inclui não tocar mais nas missas, nem em grupos de oração, nem em reuniões aleatórias.

E entendam: sinto um vazio do tamanho de Saturno. É como se todo e qualquer estímulo negativo contribuísse para que esse vazio aumente ainda mais. Apesar de já ter me sentido mal em outras épocas, lembro que sempre pude sentir a companhia de Cristo toda vez que participava de algo.

Talvez alguém questione se preciso estar em um local específico para sentir Cristo, mas definitivamente não é esse o ponto. Continuo sentindo a presença de Jesus no meu dia a dia. Porém, o fato de não estar ajudando outras pessoas na igreja com meus serviços litúrgicos me faz sentir culpado por experimentar essa presença e não ter coragem de fazer algo a respeito.

Além disso, estar fisicamente na igreja ajuda a concentrar a espiritualidade. Comungar, ouvir a liturgia — são coisas sagradas nas quais tenho muita fé. Pode parecer simples resolver esse “problema”, mas realmente não sinto coragem. Sinto-me envergonhado, como se fosse um covarde. Sinto-me como Pedro negando Cristo na véspera da crucificação.

É horrível. Tenho tantos problemas pessoais, e uma das coisas que mais me fazia bem, independentemente do meu estado psíquico, hoje não tenho coragem de fazer.

Vejo que não vou melhorar tanto até a data comemorativa que está chegando, então provavelmente vou acabar escrevendo sobre o outro tema que tenho em mente. Acho que não vai ter jeito.

De qualquer forma, este desabafo talvez me ajude a entender melhor o que está acontecendo comigo agora. Tentar lidar sozinho com problemas pessoais assim não me faz bem. Porém, talvez minha ânsia por ajuda acabe dificultando que eu realmente a encontre.

Enfim, muitos dilemas, antíteses, paradoxos e desafios pessoais. Eu definitivamente quero continuar respirando neste mundo. Não quero ser tomado por ideias ridículas. Quero melhorar, pelo bem do meu filho.