Perca de Inovação por falta de Necessidade
Hoje estive pensando em algo que sempre me vem à mente: atualmente temos poucas descobertas e inovações verdadeiramente novas.
Alguns podem argumentar: “Ah, mas inventamos a inteligência artificial”. Devo dizer que esse conceito já era estudado desde os anos 1940. O que temos hoje não é exatamente novo.
A humanidade parece ter parado de descobrir. Estamos em uma fase de apenas “melhorar o que já existe”. São raras as novidades que realmente quebram paradigmas. No caso da inteligência artificial, por exemplo, a arquitetura de transformers foi algo genuinamente inovador em cima do que já tínhamos. Mas, além disso, quase nada de realmente novo surgiu.
Um computador moderno, em termos de arquitetura, não faz nada essencialmente diferente de um computador dos anos 70. Tudo o que temos hoje são melhorias incrementais de ideias antigas. Mesmo em áreas que parecem inovadoras — como biotecnologia, exploração espacial privada ou computação quântica — apenas estamos desenvolvendo conceitos que já existiam no século passado. Não são ideias inéditas, mas sim esforços para tornar viáveis ideias antigas com os recursos atuais.
Minha reflexão é: será que isso não acontece porque hoje não temos uma verdadeira necessidade de algo novo?
Pode soar controverso, mas acredito que muitas descobertas que mudaram a história surgiram em momentos de necessidade ou oportunidade.
Veja o exemplo da geladeira: ela surgiu quando havia uma necessidade urgente de conservar alimentos. Não foi um “golpe de sorte” ou uma invenção por puro acaso, mas sim a resposta a um problema real, que direcionou esforços de pessoas e empresas para criar algo revolucionário.
Hoje, temos pouquíssimos problemas a resolver. Quase todas as necessidades humanas já têm soluções conhecidas. É difícil imaginar algo essencial para a humanidade que ainda não tenha um meio formalizado de ser atendido.
Você pode argumentar: “Mas a humanidade precisa de paz, e ainda não a alcançou”.
Nisso surge outra reflexão: será que não temos paz porque não sabemos como alcançá-la, ou porque simplesmente não sentimos essa necessidade de forma coletiva?
A maior parte da população vive em paz relativa, especialmente se compararmos com épocas passadas. E não é falta de conhecimento: já temos filosofias, religiões, literatura e experiências práticas suficientes para sabermos como viver em harmonia — se isso fosse realmente prioridade.
O exemplo da paz é apenas um. Podemos aplicar esse raciocínio a qualquer outro aspecto, físico ou abstrato.
Por isso, acho que dificilmente vamos evoluir muito além do que já evoluímos. É claro que não dá para prever o que pode ser inventado antes que aconteça, mas, olhando para a relação entre necessidade e inovação, é provável que o ritmo de descobertas continue diminuindo. Talvez nosso maior obstáculo não seja a tecnologia, mas a ausência de problemas urgentes que exijam soluções realmente novas.